quinta-feira, 24 de dezembro de 2009


Feliz Natal


Quando pensamos no Natal, pensamos em presentes, em muita comida e numa cidade toda iluminada por milhares de lâmpadas muito pequeninas. Pensamos numa lista interminável de presentes e no que faremos para a ceia. E, às vezes, nos esquecemos do principal, esquecemos de pensar nas pessoas da nossa vida. Esquecemos de pensar nas pessoas que vemos todos os dias e, por isso, cremos que sempre estarão lá e não damos a devida importância. Esquecemos das pessoas que estão longe e, por tanto, também não devem lembrar-se ou importar-se tanto conosco assim.
No entanto, todos que já perderam pessoas queridas e amadas como: pais, avós, irmãos ou amigos, estes sabem que não há nada mais importante do que a presença e o carinho daqueles que por qualquer, ou por todos os motivos, fazem parte de nossa vida. Não há presente mais caro do que abraços e beijos verdadeiros dados por inteiro, nada nos alimenta e é mais saboroso do que as palavras cheias de afeto e carinho. Eles compreendem que não há luz mais clara e mais doce do que aquela que vem da risada que compartilhamos com os amigos.
Por isso, neste Natal, vamos nos lembrar de todos que fazem parte de nossas vidas. Vamos lembrar-nos daqueles que estão muito longe, ou aqui bem perto; dos que amamos muito e dos que ainda estamos aprendendo como são. Vamos desejar a todos a saúde e a paz necessárias para seguir a vida, o amor que nos conforta e anima, e um pouco de dinheiro para as pequenas loucuras e alguma estripulia. Vamos, principalmente, lembrarmos do abraço, do afago e da palavra de amor que não custam nada e que são, muitas vezes, a prenda mais desejada. Aproveitemos a ocasião, cheia de jantares e reuniões, para agradecer a todos a fundamental e simples benção que é a presença destes em nossas vidas. Muito Obrigado.

domingo, 6 de dezembro de 2009


Falando do Brasil
Uma brincadeira de mau gosto colocou Robin Williams, ator americano, numa situação nada simpática com o Brasil e os brasileiros. Ele, que só tentava ser engraçado (como faz freqüentemente como se fosse uma obrigação visceral), disse mais ou menos o seguinte sobre a escolha do Brasil como sede olímpica em detrimento dos EUA num “talk show”: Os EUA levaram Oprah e Michelle Obama para apoiar a campanha, o Brasil levou 50 “strippers” e meio quilo de pó, injusto não? Sinceramente não acredito que ele quis nos ofender, mas o fez (com certa graça é claro). Pois reforçou dois estereótipos tristes sobre nosso país: que somos um paraíso violento das drogas, e que todas as mulheres brasileiras são, basicamente, prostitutas. Bem, claro que temos prostituição e drogas no nosso país como quase o mundo todo, mas isso não quer dizer que o Brasil seja só isso. E, eu mesma já tive a triste oportunidade de sentir-me um bocado ofendida com a maneira como turistas estrangeiros se comportam, olhando-nos como carne à venda.
Infelizmente não podemos dizer que não temos nenhuma culpa nesta questão, pois que o próprio Brasil vende esta imagem de país de festas intermináveis e mulheres baratas e disponíveis. Longe de ser moralista e pudica; o que mais me entristece neste caso é saber que a prostituição e o tráfico são um sinal claro das condições precárias com as quais muitos vivem no meu país. Sem acesso à educação, habitação digna e saúde, (material básico para que qualquer ser humano tenha condições de se desenvolver, ter sonhos e sentir-se um cidadão), sobra muito pouco no horizonte de muita gente. A prostituição, o tráfico e o patético sonho de um príncipe branco americano ou europeu são, muitas vezes, a única saída que meninas e meninos vêem. Agora, criticar o Sr. Williams é fácil e talvez até tenhamos certa razão, já que ele foi um tanto indelicado. Entretanto, não consigo deixar de pensar que ao fazermos isto estamos, ao mesmo tempo, fechando nossos olhos para o problema real. É como criticarmos os mendigos que dormem em nossas ruas por estarem ali. Incomodar-nos com as pessoas que nos pedem dinheiro nos semáforos diariamente, e espantar-nos com os meninos de rua completamente drogados que perambulam noite e dia pelas ruas a assaltar-nos sempre que é possível.
Pergunto-me porque não nos indignamos, com a mesma veemência, com a distribuição tão injusta de renda aqui, com a situação precária de todos os serviços públicos em nosso país (onde temos uma das cargas de impostos mais altas do mundo) ou com as notícias diárias de desvios do dinheiro público? Sinto-me sinceramente mal por não fazer nada para mudar esta situação, pois tive todas as condições para ter a boa vida de hoje: casa, carinho, educação em colégios particulares e a oportunidade de estudar numa das melhores Universidades pública do meu país. Não é minha obrigação lutar por uma sociedade melhor para todos nós? Não deveria buscar um país igual e justo para todos que vivem aqui? Não estamos todos nós nos ofendendo com as pessoas erradas?
Estereotipar pessoas é um absurdo, fazê-lo com grupos ou com uma nação é ainda pior. Contudo, nós brasileiros precisamos lutar para que a situação de nosso país mude, e não porque nos ofendemos com o que dizem sobre nós. Temos que fazê-lo para que não tenhamos mais que nos trancar em condomínios com medo da cidade lá fora, para que não vejamos gente morrendo na fila de hospitais todos os dias, ou para não vermos mais famílias inteiras na rua sem onde morar. Pagamos caro por nossos impostos e, por tanto, é obrigação dos governos (municipal, estadual e federal) proverem as condições necessárias para que todos possam ser chamados de cidadãos e, com algumas opções, escolherem seus caminhos claramente. Ou entendemos que nossa terra é de todos ou, cada vez mais, ela será a terra de ninguém.
Beijos a todos.
Mari

sábado, 28 de novembro de 2009

O dia da Consciência sem Cor


Hoje, 20 de Novembro, temos um feriado em Sampa a comemorar o Dia da Consciência Negra. Eu, assim como não gosto do Dia da Mulher, acho estes dias “especiais” para as “pobres minorias” uma grande bobagem. Peço que nos desculpem os poderosos homens brancos, (aos quais pertencem todos os outros dias do ano e que gentilmente nos cederam um), mas nós (as minorias) não precisamos de dó ou pena, e já sabemos que todos os dias são nossos também. Brinquei a semana toda dizendo que hoje eu comemoraria o dia da minha consciência, pois não sabia qual era a cor desta e nem que havia cores diferentes para a mesma. Afinal, sendo eu descendente de espanhóis, italianos, portugueses e negros, tenho direito ou não de comemorar este dia como meu, mesmo que minha cor diga que não? Não sei.
O que sei é que podemos ter um Deus com diferentes nomes, mas sempre oramos e pedimos sua ajuda nos momentos de aflição. Podemos comer coisas bem diferentes hoje, mas ao nascermos todos nós nos alimentamos do mesmo leite materno. Podemos falar diferentes idiomas, mas o olhar, o sorriso, o choro e o afeto são sempre compreendidos nos mais remotos cantos deste mundo todo. Por isso, e por muito mais, acho mais correto comemorarmos o Dia da Consciência Humana, consciência esta que nos diz que somos todos iguais independentemente de quaisquer diferenças que possa haver: cor, credo, sexo, opção sexual, idade, nacionalidade, crenças, gosto musical, time do coração e etc. A minha consciência sem cor diz-me que não é apesar, mas com e pelas diferenças que amamos as pessoas; pois que são estas diferenças que trazem vida ao mundo ao torná-lo mais rico, interessante e bonito.
Como celebração deste dia eu resolvi mandar a todos os meus amigos (brancos e negros, heterossexuais e homossexuais, árabes, católicos e judeus, homens e mulheres, jovens e não tão jovens assim, brasileiros, americanos, asiáticos e europeus, palmeirenses, são paulinos e corintianos, que ouvem rock, MPB ou música sertaneja), o seguinte: um abraço muito apertado e longo e um beijo verdadeiro e cheio de carinho. Amo a todos vocês e agradeço sempre pela alegria que é compartilhar nossas vidas, pois a minha não teria a menor graça sem vocês. Saudades e um abraço especial para todos que estão longe e que só vejo pela minha janela eletrônica.
Beijos